As aulas já começaram e, com elas, a rotina de estudos retorna com força total, abrindo as atividades acadêmicas do ano letivo para milhões de crianças e jovens por todo país. Retomar o ritmo, após um período de férias escolares, suscita aspectos desafiadores para muitos, principalmente, se o novo ano também for em uma nova escola, com novos amigos e docentes. Desafios estruturais e emocionais importantes, que podem causar ansiedade nas crianças.
Psicanaliticamente falando, temos de ressaltar o aspecto relativo às expectativas que são criadas nesse momento. Alguns alunos desejam o retorno, enquanto outros, se pudessem, prolongariam ainda mais o descanso. Mas como tudo tem prazo de validade e a responsabilidade do estudo exige a retomada da rotina, a volta às aulas para alguns pode ser o momento feliz de reencontrar os amigos, mas - para outros - o pesadelo de começar tudo novamente.
A insegurança, o medo do novo e a interrupção da flexibilidade de compromissos e rotinas, contribuem para esse aumento do nível de ansiedade. Até porque, agora, volta a pressão por cumprir o calendário, o desafio das provas e os testes, bem como a adaptação social, fundamental para um bom ambiente acadêmico. Entram em cena alguns hábitos que nem todos os alunos encaram com bons olhos: a necessidade de manter horários regulares de sono; busca por uma alimentação saudável e em horários definidos; o alto volume de atividades curriculares; a diminuição do tempo de consumo de redes sociais e jogos eletrônicos; e o planejamento e a rotina de estudos.
O lugar dos encontros que socializa crianças e jovens e transforma a relação de parceria e troca de aprendizados entre eles e os educadores, é palco da diversidade de sentimentos de euforia pelo retorno e angústia e desânimo por voltar à rotina. Controlar a ansiedade e o estresse contribui para equilibrar estudo e lazer. O ideal é construir um ambiente escolar acolhedor para minimizar o impacto da interrupção das férias, de modo a evitar a instalação de um sofrimento emocional precoce.
Para auxiliar nesse momento, pais e escola precisam estar alinhados nas condutas e na comunicação. Além disso, a contribuição dos responsáveis começa em casa, trabalhando as expectativas dos filhos, através de diálogo e apoio. A racionalização do uso de telas e a aplicação de um planejamento que intercale estudo e lazer é fundamental para reduzir a ansiedade e estimular o relaxamento das crianças. Na escola, o apoio psicológico, a abertura de um canal de interlocução e o incentivo a um ambiente inclusivo e saudável, fazem toda a diferença para que o novo ano letivo seja leve e educativo, alcançando o objetivo da proposta pedagógica.
Enfim, o direito à educação plena da criança e do adolescente é garantido por lei, assim como o direito à prevenção e preservação dos cuidados com a saúde física e mental. E é exatamente pensando nisso que a volta ao convívio social, após as férias, precisa ser suave e equilibrada. Sem ansiedade, sem traumas e sem sintomas de estresse ou emocional abalado. Ou seja, é preciso atender ao coletivo de forma segura, saudável, empática e com muito afeto, extensivo a todos os envolvidos na mais linda missão de educar e transmitir o conhecimento ao próximo.